O Aquecimento Global na origem de Grandes Sinistros Industriais recentes

Os gestores, pensadores, opinion leaders e cientistas mundiais que colaboram com o Fórum Mundial para a economia destacam no top 10 dos riscos globais, 5 de origem climática, quer no que diz respeito à probabilidade, quer ao impacto, como se pode ver na imagem seguinte (no mesmo ranking, encontram-se 2 relacionados com riscos cibernéticos, e sobre estes ver artigo também nesta edição).

Sabemos que há negacionistas em relação ao impacto humano no clima terrestre, mas ninguém pode negar as evidências. Independentemente das verdadeiras razões, constata-se um aquecimento global, ao qual o nosso pequeno retângulo à beira mar não escapa.

Julho foi mesmo o mês mais quente dos últimos 90 anos em Portugal de acordo com um relatório do IPMA.  Já o mês de maio teve apenas 6 dias com temperaturas máximas dentro do intervalo normal do mês; todos os restantes dias ultrapassaram as máximas normais de maio conforme relatório do IPMA , como foi noticiado e destacado também pela Swiss Re num artigo em setembro último.

Entre outros preocupantes efeitos, esta Resseguradora, chama a atenção para a seguinte correlação:

Entre 22 de junho e 21 de agosto 2020, registaram-se 7 grandes incêndios industriais, quando desde o início do ano apenas 1 tinha ocorrido:

  • TUPAI – Metalomecânica (Águeda) 21-8-2020
  • LQL – Calçado, (Vilela) 14-8-2020
  • Polo Industrial de Castelo de Paiva, 13-7-2020
  • CELTEJO – Celulose (Vila Velha de Rodão) 6-7-2020
  • INDUPAL – Pasta de Algodão (Castanheira de Pera) 1-7-2020
  • ZARRINHAS – Papel e cartão (Sta Mª Feira) 30-6-2020
  • ADA FIOS – Têxtil (Sto.Tirso) 22-6-2020

Entre jan e jun, apenas 1:

  • ENERGIE – Painéis solares (Póvoa Varzim) 26-2-2020

“Não deixa de ser surpreendente que voltem a ocorrer tantos incêndios, que surgem acumulados em meses de verão. Tal tinha sucedido em 2017, durante os grandes incêndios florestais de junho e outubro.

A severidade destes riscos atinge as capacidades de resseguro enquanto a sua maior frequência poderá pressionar o nível de solvência das seguradoras.

Muito recentemente o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) apresentou um estudo indicando que 63% dos polígonos industriais portugueses apresentam um elevado risco de incêndio por se localizarem junto à floresta.”*

 A gestão dos riscos industriais começa pelas decisões e ações das Indústrias e por mais que um corretor queira apoiar na transferência ótima dos riscos para as seguradoras, não é possível uma repassagem a 100%. A corresponsabilidade dos Gestores na prevenção e mitigação começa cada vez mais a jusante (e vai cada vez mais a montante…), nas decisões estratégicas face às incertezas climáticas e obviamente também no impacto das suas Indústrias e dos seus produtos no ambiente.

Já agora reflitamos no impacto de cada Indústria e dos seus produtos no ambiente. É cada vez mais claro que todos – organizações e particulares – temos influência nas nossas decisões do dia-a-dia (sobre o que, e como, produzimos, o que consumimos, o que colocamos no lixo) e que será a soma de pequenos passos conscientes que fará a diferença na sustentabilidade do ecossistema global.

 *Fonte: António Rito Batallha_ Swiss Re, in Eco, 6 set20

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