O Setor Segurador – Indicadores a setembro 2025

Os mais recentes indicadores do setor segurador, divulgados pela APS (Associação Portuguesa de Seguradores) e pela ASF (Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões), mostram um panorama de crescimento consistente, ainda que num contexto económico de incerteza global.

Conjuntura económica

Vivemos tempos de fragilidades e incertezas no mundo, com potenciais impactos significativos em Portugal — o que exige uma navegação atenta. O PIB nacional cresceu 1,6% (junho de 2025), a inflação situa-se nos 2,4% e o desemprego nos 6,0% (julho de 2025).

Se não surgirem “surpresas” maiores, o Banco de Portugal estima que o PIB feche o ano em 1,9% e atinja 2,2% em 2026, uma revisão em alta face às projeções anteriores, apoiada sobretudo no consumo privado, na recuperação do investimento e nas exportações. A previsão de inflação para 2026 é de 2%.

A saúde do setor segurador

Produção do setor (atividade em Portugal, prémios emitidos, exclui atividade de resseguro)

De forma geral, a produção do setor segurador continua a crescer acima da inflação, embora a um ritmo mais moderado que em 2024. Este comportamento reflete não só a boa evolução da economia, como também ajustes tarifários relevantes, especialmente nos ramos de Saúde e Automóvel, e nas apólices continuadas.

Os resultados líquidos do setor até junho de 2025 mostraram uma melhoria de 33,8% face a junho de 2024, com destaque para o aumento de 13% nos resultados dos contratos de seguros. Os resultados técnicos dos principais ramos Não Vida evoluíram positivamente, sobretudo nos ramos Saúde e Automóvel, embora se tenham verificado descidas em Incêndio e Outros Danos (devido a catástrofes naturais) e ligeiramente em Acidentes de Trabalho.

Esta combinação de fatores, aliada a maior capacidade e menores custos de resseguro, sugere alguma estabilização das tarifas. Contudo, persistem desafios relevantes: a pressão regulatória, os requisitos de solvência mais exigentes e a necessidade de ajustes de risco mais precisos. A par disto, somam-se os eventos climáticos extremos, a inflação nos custos de reconstrução, o aumento dos riscos cibernéticos e o potencial agravamento da responsabilidade ambiental.

Entre as tendências estruturais do setor, destacam-se a aposta em insurtech, a digitalização de processos (subscrição, sinistros e interação com clientes) e o uso intensivo de dados e inteligência artificial. As seguradoras estão a investir em modelos de risco mais sofisticados, com machine learning para segmentação, deteção de fraude e previsão de sinistros.

Recordando os sinistros mais catastróficos de 2025

O ano foi marcado por diversos eventos relevantes:

  • Tempestade Martinho (19–23 de março de 2025): o evento mais significativo do ano no ramo Incêndio e Outros Danos, com 26.600 sinistros participados e €64,7 milhões em danos (pagos e provisionados).
  • Mau tempo em janeiro: chuvas e ventos fortes provocaram 276 ocorrências registadas pela Proteção Civil, com impacto em multirriscos habitação, comercial e I&OD.
  • Incêndios rurais no verão: registou-se forte atividade e agravamento do risco, com prejuízos acima dos €30 milhões, segundo o Governo — parte não segurada por se tratar de danos agrícolas e florestais.

Produção global de seguros

Nos primeiros nove meses de 2025, a produção global de seguro direto aumentou 14,2% face ao mesmo período de 2024, com evolução positiva em quase todos os ramos, exceto Transportes (-3,2%).

O ramo Vida, que tinha recuado em 2023, voltou a crescer de forma expressiva, impulsionado pelos produtos de capitalização (+29%). Os PPR e os seguros de vida risco subiram pouco mais de 6%, refletindo o bom momento do mercado imobiliário.

Nos ramos Não Vida, o crescimento foi de 9,5%, um valor apenas ligeiramente inferior aos anos anteriores. Destacam-se os seguros de Crédito e Caução (+13,6%), de Saúde (+11,8%) e de Automóvel (+9,7%). A solidez das seguradoras com sede em Portugal mantém-se firme.

Principais ramos Não Vida

AUTOMÓVEL

A produção a setembro 2025 cresceu 9,7%, em relação a período homólogo de 2024.

Numa análise mais detalhada com dados disponíveis reportando a junho de 2025, quando a produção crescia a 5,1%, de realçar o seguinte:

O número de veículos seguros ultrapassou os 9 milhões, com crescimento de 2%, e a produção nova aumentou expressivamente 23,4%. O prémio médio por veículo subiu 5%, e o número de sinistros aumentou 2,7%.
Os resultados técnicos melhoraram significativamente, multiplicando-se por mais de três vezes face a 2024.

ACIDENTES DE TRABALHO

A produção a setembro 2025 cresceu 8,5%, em relação a período homólogo de 2024.

Numa análise mais detalhada com dados disponíveis reportando a junho de 2025, de realçar o seguinte:

A produção cresceu 8,5%, embora os salários seguros tenham subido 10,1%, o que reflete uma correção em baixa das tarifas. O prémio médio por capital seguro desceu 0,02 pp, e a taxa de frequência de sinistros por apólice aumentou para 19,1% (+0,7 pp).
Os resultados técnicos continuam positivos, mas registaram uma descida de 10,7 pp, o que poderá levar a uma revisão tarifária mais detalhada pelas seguradoras.

INCÊNDIO E OUTROS DANOS (I&OD)

A produção a setembro 2025 cresceu 8,5% em relação a período homologo de 2024.

No detalhe primeiro semestre: registava-se um crescimento de 9,5% nos prémios. O prémio médio por apólice subiu 7,7%, enquanto o número de sinistros aumentou 19,2%.
Os resultados técnicos caíram cerca de 60%, devido aos sinistros catastróficos. As seguradoras começam a aplicar restrições e aumentos seletivos em zonas de alto risco climático (cheias, tsunamis, incêndios florestais).

SAÚDE

A produção do ramo Saúde a setembro 2025 cresceu 11,8%, em relação a período homólogo de 2024.

No detalhe primeiro semestre: Este aumento foi impulsionado por um acréscimo de 2,8% no número de pessoas seguras, que já ultrapassam 3,8 milhões. O prémio médio cresceu 2,6% nas apólices individuais e 11,7% nas de grupo, devido à redução da oferta de planos personalizados (agora apenas disponíveis para grandes grupos).
O valor pago em sinistros aumentou 6,1%, e os resultados técnicos quadruplicaram face a 2024, sugerindo alguma estabilização nas tarifas.

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