O Setor Segurador: Indicadores seguros a setembro 2024

(fonte APS, Associação Portuguesa de Seguradores e ASF, Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões)

 

Conjuntura

(taxa de variação homóloga_ jun24)

Pib nacional: 1.5%

Inflação: 3.1% (ago24)

Desemprego: 6.1%

 

Produção do setor (atividade em Portugal prémios emitidos, exclui atividade de resseguro)

(taxa de variação homóloga_ ago24)

Crescimento de 19,9%

Sendo, 9,9% de crescimento em Não Vida e 34% de crescimento em Vida

                                                                 

 

Em termos de conjuntura,

No 1º semestre de 2024 houve uma certa desaceleração do aumento do PIB, mas as perspetivas são de melhoria, ainda que incertezas soprem da geopolítica internacional:  Em 2024, a atividade económica tem sido sustentada pelo consumo privado e pelas exportações e acelera em 2025–26 refletindo o dinamismo do investimento (ver abaixo projeções até 2026 do Banco de Portugal, fonte usada, no final deste artigo).

A projeção de um maior crescimento do PIB no quarto trimestre e no início de 2025 deve-se, em parte, à recuperação das exportações associada à aceleração da procura externa e ao maior dinamismo do turismo. Também se deverá observar uma aceleração do consumo privado, em consonância com a melhoria da confiança das famílias e a evolução do rendimento disponível; este deverá crescer 6,6% em 2024, uma taxa elevada em termos históricos, que resulta da situação favorável do mercado de trabalho — em termos de emprego e salários reais —, do aumento das pensões e outras transferências e do impacto da redução do IRS.  Estima-se que seja acompanhado de um valor historicamente elevado de poupança, aliciado também pelas taxas de juro positivas, que contrasta com os valores próximos de zero que caraterizaram a década anterior à pandemia. Isso explica o crescimento marcado que a procura de PPR’s e outros seguros de capitalização tem tido (ver abaixo).

No mercado de trabalho, o emprego deverá continuar a crescer e a taxa de desemprego permanecerá baixa, num contexto de aumento da taxa de atividade e de fluxos imigratórios significativos. Refira-se também a melhoria das qualificações da força de trabalho — na população com menos de 39 anos, o peso dos indivíduos com ensino superior é já próximo do da média europeia — o que suporta o desenvolvimento de atividades de maior valor acrescentado e se reflete no aumento da produtividade e em ganhos de competitividade nos mercados externos.

  O Banco de Portugal, no mesmo Boletim de outubro 24, acrescenta que “os riscos em torno da projeção para o crescimento e a inflação são equilibrados. Para a atividade, mantêm-se os riscos em baixa associados às tensões geopolíticas internacionais, com a possibilidade de agravamento dos conflitos associados à invasão da Ucrânia pela Rússia e no Médio Oriente e refletindo também o resultado das eleições presidenciais nos EUA, as tensões comerciais com a China e as políticas propostas de aumento do protecionismo. O crescimento da Formação Bruta de capital fixo poderá ser menor num cenário de dificuldades de cumprimento das metas do PRR nos prazos estipulados. Em sentido contrário, destaca-se o risco em alta decorrente de um maior crescimento do consumo privado, em reação ao aumento projetado de rendimento das famílias. Para a inflação, existem riscos em baixa que derivam da possibilidade de efeitos desfasados da política monetária mais marcados no curto prazo. Estes riscos são contrabalançados por riscos em alta associados a choques sobre os preços das matérias-primas internacionais e as cadeias de abastecimento globais num contexto de tensões geopolíticas, bem como ao dinamismo dos salários e a sua transmissão aos preços.

Em termos da saúde do setor

Nos primeiros 8 meses de 2024, a produção global de seguro direto relativa à atividade em Portugal aumentou quase 20% face ao período homólogo de 2023 e foi uma evolução positiva em todos os ramos, espelho de uma economia favorável, mas também de ajustes tarifários importantes, sobretudo no ramo Saúde e Automóvel, e em particular nas apólices continuadas.

O ramo Vida, que tinha decrescido em 2023, apresentou agora uma recuperação de 34% animada pela excelente produção de PPR’s (+62%) e de seguros de capitalização (+37%). Já os produtos de vida risco registaram uma evolução homóloga positiva, mas em apenas 1,9%%.

Os ramos Não Vida registaram um crescimento de quase 10% (em linha com o que aconteceu ao longo de 2023). O maior crescimento foi na Saúde (18%) e o 2º maior o automóvel (10%).

Em termos de sinistralidade nos ramos Não Vida,

os montantes pagos de seguro direto  a jun, apresentaram um acréscimo de 10,7% face ao mesmo período de 2023. Os ramos Doença e Automóvel foram os que apresentaram acréscimos mais significativos, de 16,5% e 12%, respetivamente.

A solidez das seguradoras com sede em Portugal mantém-se globalmente firme, como o indicam os dois rácios mais importantes seguidos pela ASF, que fecharam o 1º semestre de 2024 , bem acima dos 100% exigidos por Lei, e reforçados relativamente ao período homólogo de 2023:

SCR- Requisito de Capital de Solvência*: 213% (+11pp)

MCR- Requisito de Capital Mínimo: 560% (+14pp)

 *medida do montante de fundos próprios necessários para a absorção das perdas resultantes de um evento de elevada adversidade (VaR 99,5%, um ano) e que resulta da agregação das cargas de capital relativas aos vários riscos a que as empresas de seguros se encontram expostas.

 Vejamos, em seguida, o que aconteceu nos principais ramos Não Vida (variações face ao mesmo período de 2023; Produção a ago; Sinistralidade a jun= custos sinistros (Ou montantes pagos) / prémios brutos emitidos)

Automóvel

Produção: + 10%

Sinistralidade: 67%

Com dados mais finos já publicados relativamente ao 1º semestre, verificava-se um aumento de 10,9% no volume de prémios, como resultado de crescimento de:

  • 3% no número de veículos seguros, que alcançaram os 860.142 veículos!
  • Forte aumento de tarifas, com 7,1% aumento do prémio médio por veículo, mas particularmente na produção continuada:
  • Produção nova emitida aumentou 9,9%
  • Produção continuada cresceu ainda mais por ajustes de preços: 14.5%

Quanto a sinistros:

  • O número de sinistros aumentou apenas 1,6%
  • Montantes Pagos/Prémios Emitidos = 67%, valor elevado, mas com a sinistralidade na componente de Responsabilidade Civil em níveis graves de 79%, conduzindo por certo os seguradores a não abrandarem em breve a oneração das tarifas.

AT- Acidentes de Trabalho

Produção: + 9,7%

Sinistralidade: 47,9%

Este ramo, ao contrário do que aconteceu durante muito anos, teve um aumento da produção abaixo do excelente crescimento dos salários seguros, fruto de uma correção média em baixa das tarifas, sobretudo nos contratos novos.

Com dados mais finos já publicados relativamente ao 1º semestre, verificava-se um aumento de 6,6%% no volume de prémios, como resultado de crescimento de:

  • Expressiva evolução de 13,5% na massa salarial segura
  • Prémio médio por capital seguro baixou 0,04 pp
  • Taxa de frequência de sinistros/apólice= 18,9% (+0,1 pp).

O ramo de facto tem tido comportamentos bem mais saudáveis em termos de resultados, depois de muitos anos dramáticos, permitindo já uma certa negociação/ajuste de tarifas em baixa, embora a análise mais criteriosa dos riscos tenha vindo “para ser regra”.

 IOD- Incêndio e Outros Danos

Produção: + 3,6%

Sinistralidade: 43,6%

De notar que os Seguros Multiriscos habitação e condomínios cresceram francamente (8,5% em prémios), enquanto os Multiriscos Comércio e Indústria regrediram 3,5%.

Com dados mais finos já publicados relativamente ao 1º semestre, verificava-se um aumento de 10,9% no volume de prémios, como resultado de crescimento de:

  • Tarifas aumentaram: Prémio Médio por Apólices Novas/Entradas (últimos 12 meses) =7,7%, enquanto nas restantes foi de 5,7%
  • de sinistros participados baixou 0,6%

Ramo onde se espera uma evolução particularmente negativa na sinistralidade, causada pelos incêndios de setembro. Cada vez maior seletividade e exigência pelas seguradoras na aceitação de riscos, sobretudo na indústria.

Saúde

Produção: + 17,7%

Sinistralidade: 60,5%

O ramo Saúde, a crescer há 15 anos, bateu o seu recorde de evolução anual, não só pelo aumento da procura, como por consideráveis subidas nas tarifas, acompanhadas em muitos casos de ajustes desfavoráveis para os clientes nos copagamentos, limites garantidos, etc. Os seguradores procuram rebater a elevada sinistralidade .

Com dados mais finos já publicados relativamente ao 1º semestre, verificava-se um aumento de 17,6% no volume de prémios, como resultado de crescimento de:

  • Aumento de 3,9% no nr de pessoas seguras
  • Crescimento de 8% e 11,5%, respetivamente no prémio médio por pessoa nas apólices individuais e nas apólices de grupo, neste último caso devido à quebra da prática de planos personalizados (só disponíveis atualmente para grandes grupos); de notar que durante 2013 houve já ajustes acima da inflação geral nas tarifas

Relativamente a sinistralidade:

  • Os montantes pagos com sinistros aumentaram 14,9%

 O seguro de saúde é cada vez mais um fator de retenção e atração de talento de colaboradores das empresas. A Amplitude tem bem essa evidência entre os seus clientes, e tal é genericamente confirmado no último Barómetro Seguro Vida e de Saúde da empresa de consultoria WTW. Este destaca ainda que a inflação nos serviços e produtos de cuidados médicos – que em Portugal rondará os 10% em 2024, somada aos custos associados aos avanços tecnológicos e ao aumento da frequência de utilização de serviços em hospitais privados, estão a levar as seguradoras a planear a mudança do rumo dos seguros de saúde em Portugal como forma de potenciar a sua sustentabilidade. Segundo a WTW estas mudanças passam pelo redesenho dos planos disponibilizados, pelo investimento na prevenção e no bem-estar e pela aposta na saúde digital e na telemedicina: as teleconsultas estão a crescer exponencialmente, tendo já atingido as 197 mil teleconsultas em 2023!

 Dada a importância crescente dos seguros de saúde em Portugal – o número de pessoas com seguro de saúde em Portugal já ronda os 4 milhões de pessoas – a Autoridade de tutela, a ASF, desenvolveu um Observatório que segue um conjunto importante de indicadores e lava a cabo inquéritos de satisfação e adequação aos clientes. Aqui estão os resultados mais recentes, que dão nota de índices satisfação na casa dos 16 valores em 20:

 

 

 Ficamos ao dispor!

 Projeções macroeconómicas até 2026 do Banco de Portugal (boletim de out24)

 

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