Indicadores seguros (fonte APS, Associação Portuguesa de Seguradores, salvo quando outras indicadas)
Evolução jan-set2020/jan-set2019
Conjuntura – Pib -4,7% (jun) / IPC + 0,04% / Desemprego 7,3%
Produção do setor segurador – 23,3% / + 4,3% em Não -Vida / – 43,3% em Vida
atividade em Portugal; prémios emitidos, exclui atividade de resseguro
O Ramo Vida representa mais de 50% da produção do setor. É fortemente influenciado por decisões de alocação de capitais por parte da Banca, que é responsável por mais de 80% da produção deste ramo. Este é em larga escala constituído por seguros de poupança (+ de 85%). Face às baixas taxas de juro dos instrumentos de menor risco, a Banca tem vindo nos últimos anos a focalizar-se em alternativas que não os seguros para a colocação das poupanças das famílias e dos investidores. Já em 2019 o ramo Vida tinha caído 13,8%.
De notar que no caso dos seguros Vida Risco, este cresceram até setembro 3,6%, face ao período homólogo de 2019.
Por seu lado, o Ramo Não Vida é um reflexo mais direto da atividade económica do país, embora com um desfasamento temporal, tendo em conta que os grandes contratos empresariais vencem (ou sofrem acertos) no início de cada ano. De notar que vínhamos de um 2019 positivo em termos económicos, que por sua vez refletiu a ainda melhor conjuntura de 2018, pelo que ano passado o setor Não Vida evidenciou a maior taxa de crescimento desde 2004: 7,5%
Assim, apesar da quebra geral da atividade causada pelo Covid, o desfasamento atrás referido, bem como uma corrida aos seguros de saúde, permitiu que até setembro a produção Não Vida – que arrefeceu acentuadamente nos meses de economia mais parada – acumulasse um balanço positivo em 4,3%.
De notar que os indicadores aqui evidenciados referem-se a prémios emitidos e este ano há, infelizmente, uma grande diferença entre emitidos e efetivamente cobrados (ver nesta edição “o Setor e o Covid”).
Saúde é único ramo que tem vindo a crescer na última década sobretudo por efetiva procura, e independentemente da conjuntura, impulsionado pela imagem menos positiva tão divulgada da Saúde pública. Já nos ramos obrigatórios – Automóvel e Acidentes de Trabalho –, para além do efeito da economia, o crescimento tem vindo a ser fortemente alicerçado no aumento de tarifas médias que tem sido levado a cabo pelo setor nos últimos anos, por força de correções de rentabilidade de cada ramo impostas pela Legislação europeia Solvência II.
Os reflexos mais acentuados de quebra de produção dos ramos Não Vida virão a acontecer em 2021…
Automóvel
Setembro 20/Setembro 19
Produção +5.8%
Sinistralidade -6.9pp
O Automóvel é o maior segmento do Ramo Não Vida representando 39% deste e, depois de muitos anos de descida contínua do prémio médio*, em 2016 começou a inverter essa tendência à custa de correções tarifárias em alta, sobretudo nas renovações. Essa realidade e a maior procura por Danos Próprios (receio de vandalismos…), permitiu que o ramo apresentasse um crescimento, no lastro dos 7% registados em 2019 face a 2018.
* O prémio médio passou de aprox. 340€ em 2006 para cerca de 210€ passado uma década, sobretudo por concorrência desenfreada no setor
A taxa de sinistralidade global do ramo volta a baixar, agora de forma sensível, pela “paralização” do país nos meses de confinamento. A % de veículos sem sinistros fará com que nas próximas renovações possam usufruir de diminuição de preço pelo Bónus/malus.
Se o covid abrandou a atividade, a quebra económica aumenta a fraude:
Veículos sem seguro obrigatório:
“Fundo de Garantia Automóvel (FGA) gastou 4,7 milhões de euros com acidentes rodoviários que envolveram veículos sem seguro, no primeiro semestre 2020.
Ainda assim, foram menos 2,2 milhões de euros de indemnizações por comparação com igual período do ano anterior.”
Acidentes de Trabalho (AT)
Setembro 20 / Setembro 19
Produção+4.3%
Sinistralidade -9.1pp
Vínhamos de mais um ano de crescimento acima dos 2 dígitos – força do impulso da economia e de fortes aumentos tarifários médios iniciados em 2013* – o que permitiu manter um crescimento ainda assim positivo. A quebra geral cada vez mais incidente na massa salarial do país, virá a refletir-se mais profundamente em 2021.
* A taxa média do prémio passou de aproximadamente 2.3% em 2004 para cerca de 1.2% em 2013, ano em que começou a subir no sentido de sentido de resgatar o resultado do ramo de valores muito negativos, terminando 2019 nos 1.6%
Os resultados técnicos globais da modalidade após resseguro, que tinham finalmente visto valores positivos em 2018, voltaram a negativos em 2019, o que penalizou a competição nas renovações. A baixa acentuada de sinistralidade registada este ano pela forçada quebra da atividade em muitos setores, poderá naturalmente favorecer os resultados do ramo no fecho do ano, mas nota-se, contudo, uma seletividade de atividades e de riscos crescente pelas seguradoras, refletida nas suas políticas de preços e de aceitação.
Incêndio e Outros Danos (IOD)
Setembro 20 / Setembro 19
Produção +4.7%
Sinistralidade +10.5pp
Depois de um crescimento de 6.8% em 2019, particularmente impulsionado pelos ramos de Indústria, Engenharia e Agrícola e Pecuário, em 2020 a evolução da produção susteve-se nos 4.7% até setembro. As moratórias e a onda de encerramentos causada pela epidemia, influenciará fortemente as cobranças efetivas e a produção 2021.
O resultado do ramo tinha reequilibrado em 2019, após os trágicos incêndios de 2017, e do furacão Leslei na zona centro em Out 2018 (o mais forte em Portugal desde 1842).
Em 2020, ao contrário dos demais grandes sub ramos Não Vida, até setembro a sinistralidade de IOD piorou em 10.5 pontos percentuais, devido sobretudo a sinistros industriais assinaláveis e que revelam tendência preocupante (ver artigo nesta edição), mas está abaixo dos 50% o que uma boa saúde para o ramo.
Saúde
Setembro 20 / Setembro 19
Produção +8.9%
Sinistralidade -4.4 pp
3,2 milhões portugueses estavam cobertos por um seguro de saúde a jun20!! + de 80% do que em 2015; o crescimento já rondava os 10% nos últimos anos, mas desde que se começou a falar de coronavírus até março – quando estava instalada a emergência face à Covid-19 – mais 570 mil pessoas aderiram aos seguros de saúde: um crescimento de 22% face a dezembro de 2019!!
O adiar das rotinas de acompanhamento clínico de prevenção e de tratamentos/intervenções que se tem vindo a verificar por causa da epidemia, virá infelizmente a pagar-se mais à frente e, como tudo indica, com um agravamento expressivo. As Seguradoras vão seguir de perto esta questão e assim não estão a refletir o bom desempenho do ramo em abaixamento imediato de preços. De notar que a sinistralidade teria baixado ainda mais expressivamente, caso as Companhias não tivessem decidido pagar os testes covid aos seus clientes que apresentem sintomas, algo que era uma exclusão de praticamente todas as apólices.
Recentemente, a Multicare veio excecionalmente abranger as despesas com o tratamento Covid, incluindo internamentos para apólices com mais de 180 dias de vigência.
conclusões do inquérito ECSI EUROPEAN CUSTOMER SATISFACTION INDEX Portugal 2020
O Setor Segurador