Tendências nos riscos e no setor segurador

Tendências nos riscos e no setor segurador

 

Depois da sensação de “planeta em suspenso” que nos trouxe a pandemia, 2022 registou com uma animação tal do consumo, que superou em vários casos as médias de 2019, com reflexo muito positivos em vários setores da economia.

A deflagração da invasão da Ucrânia fez desesperar os ânimos que recuperavam em flecha; mas, rapidamente, a avidez de recuperar o “tempo perdido” voltou quase irracionalmente…

Irracionalmente, pois as consequências da guerra “furaram” todas as fronteiras e abanaram quase todas as cadeias logísticas ainda mal recuperadas da pandemia, e catapultaram os preços de bens incontornáveis… no início dizia-se que era uma inflação “cirúrgica” e que rapidamente se desvaneceria… mas não…

Toda a incerteza se mantém, “flutuamos em navegação à vista”, com a inflação a fazer parte do nosso racional de investimentos; e a nossa ânsia de recuperar o tempo perdido está a abrandar….

A conjugação destes fatores reflete-se bem na retração do nível de médio de consumo dos particulares, sobretudo na classe média e baixa.

Vivemos anos de grande teste à resiliência de todos e a nossa capacidade de adaptação ditou que encontremos nos Media, nos dias mais recentes, paragonas onde se lê :“Os níveis de consumo em Portugal estão ao mais baixo nível desde 2018… não fosse o enorme receio de que a guerra não acabe tão cedo.

Os reflexos já chegaram a várias componentes da economia e consequentemente aos seguros (sempre mais imediatamente aos relacionados com o consumo e mais tarde e com mais amortecimento aos das empresas).

O que vemos mais evidente no setor segurador com reflexos nos seus clientes:

Os preços dos seguros estão em revisão em alta. Particularmente nos seguros de saúde, até porque todo o ecossistema da saúde está a pressionar a subida de preços, nomeadamente por revisão dos acordos das convenções entre prestadores e as seguradoras, algo que não era atualizado há cerca de 12 anos.

A guerra impulsionou ainda mais os ciberataques e a inovação das técnicas dos hackers e não há dia sem que empresas, “mais ou menos grandes, mais ou menos pequenas”, sejam gravemente atacadas. Os seguros ciber estão na ordem do dia, mas os seguradores estão em adaptação contínua à realidade gritante e a imporem maiores preços ou, pelo menos, balizas nas coberturas: por exemplo as empresas indústrias já têm muita dificuldade de segurarem perdas de lucros causadas por ataques ciber; mas há várias outras coberturas importantes nestes seguros – como apoio especializado de técnicos forenses, de IT, legais e de comunicação, 24/7 em caso de ataque, custos de recuperação de danos, … – e o nosso conselho é que as empresas devem subscrever.

A tónica nas seguradoras é cada vez mais a da rentabilidade ramo a ramo, e uma seleção de riscos/clientes cada vez mais criteriosa. Com algumas exceções pelo meio, deve dizer-se, quando a guerra concorrencial aperta…

Há uma tendência de exigir cada vez maior quota-parte das empresas na prevenção, mas estas legitimamente querem sentir-se premiadas nas condições dadas pelos seguradores em contrapartida por esses seus investimentos. Isso exigiria uma lógica de parceria e contratos plurianuais, algo que defendemos enquanto corretores e gestores de risco. Acreditamos que se possa vir a caminhar nesse sentido. Mas há algo que as empresas devem desde logo praticar, para tirarem mais partido de boas condições de trabalho e de prevenção que tenham instaladas: devem negociar com tempo, mais cedo face às datas de vencimento, de modo a permitir agenda dos técnicos de risco das companhias para uma correta avaliação. Se assim não for, as empresas são avaliadas pela média dos seus setores… E atenção, em Portugal há um acerto de quase todos os contratos empresariais para 1 de janeiro, o que dificulta a agenda de todo o ecossistema…

E em termos de novos riscos emergentes?

A guerra, a escassez da água e concomitantemente alimentar, o aquecimento global e as consequentes demonstrações do planeta com os cataclismos naturais e incêndios florestais, novas pandemias por mutações dos atuais vírus, … e a nível mais “individual” e português, a escassez de poupança a pensar na reforma…

As novas regras de sustentabilidade vêm impor que até 2026 todas as empresas, independentemente da sua dimensão, cumpram um conjunto vasto de requisitos, algo de aplaudir, mas que trará riscos de incumprimento/coimas/reputação que devem ser tomadas em consideração. A temática tem de ser inexoravelmente colocada na agenda das empresas o quanto antes.

Estamos numa era de grande vulnerabilidade e incerteza e isso impulsiona a noção da importância do seguro. Estes riscos emergentes, em forma ou extensão, vão conduzir a reações do setor segurador: seja protegendo-se – reduzindo ou encarecendo coberturas já existentes-,  seja explorando oportunidade de criação de novos tipos de seguros.

E no capítulo da Inovação?

Mais inovação precisa-se para ir ao encontro das expectativas dos consumidores e clientes empresariais, que vêm este setor como demasiado burocrático, tecnocrático e opaco.

A digitalização, os rôbos de serviços, os drones para peritagens de sinistros, a inteligência artificial ao serviço da relação com clientes, no atuariado, nos sinistros, e até na deteção de fraudes, os chatbots no atendimento, …, estão na ordem do dia no setor. Há uma grande efervescência também no setor segurador a na inovação tecnológica, com reflexos em menores custos operacionais a prazo e melhor qualidade e rapidez de serviço.

Muitas destas tecnologias estão por detrás de Insurtechs – players do ecossistema dos seguros da nova geração – que vêm oferecer soluções aos incumbentes (os seguradores e corretores já instalados), ou mesmo apresentar formas inovadores de seguros ou forma de vender/ assistir diretamente aos clientes finais:

– seguros on-off, pay how you drive, pay as you drive,

– “microseguros” com garantias muito especificas e facilmente explicáveis através de chatbots que respondem em tempo real a tudo…

– e seguros para particulares que premeiam a prevenção, com várias experiências já no nosso país, sobretudo no seguro de vida e saúde, como é o caso do programa vitality da Fidelidade, e descontos por boas práticas de saúde da Tranquilidade…

O Planeta Terra está um local estimulante em termos de inovação, mas muito perigoso … Os seguros bem feitos ajudam a trazer alguma tranquilidade, estamos cá para o apoiar!

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